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Chapter 10 No.10

Word Count: 3658    |    Released on: 06/12/2017

retario do mordomo-mór, desapparecera com Roque da Cunha,

que o vulgo attribuia ao marido da Traga-malhas era de menos impudica especie: dizia-se que o fugitivo andava gafado de herezia, e dava noticia de livros lutheranos procedentes de Hollanda. Os propagadores do boato, querendo explicar a fuga simultanea de Roque da Cunha, asseveraram que elle se passara

explica??o da fuga, que necessariamente ressu

imaginosos que o padre lhe escrevera depois de casada, e ella dera a carta ao marido. Sahia ent?o um dos mais enfronhados em segredos de palacio, e explicava que el-rei, por n?o affrontar a memoria do clerigo, julgando racionavel a indigna??o do marido, avisara ao marquez de Gou

indulgencia do marido, quando Roque lhe escreveu, noticiando a sua chegada a Madrid, n?o renegou o fructo de suas entranhas, ou por escrupulos de velha temente ao dia

cêrca dos oitenta annos; e, n?o obstante edade t?o avêssa de aspira??es, era ardentissima faccionaria de Castella, e gosava-se de ser o cabresto de seu marido, o doutor Guedêlh

em que a recovagem da correspondencia de Madrid com o arcebispo D. Sebasti?o de Mattos era desempenhada habilmente pelo padre. Sabia-se lá que o confidente delatara os conjurados. A nova da sua morte mysteriosa, receberam-na os fidalgos expatriados jubilosamente, e n?o menos grata lhes foi a presen?a dos vingadores das victimas do traidor. Além d'isso, o de

stava com o fugitivo um homem entre cincoenta e sessenta annos, vi

do Minho do nosso Portugal, este ho

ficio. Avisei-o de minha fuga, pedindo-lhe meios para subsistir em

portuguezes. E voltando-se para o cuteleiro, proseguiu:-Bom pae, escusa de

erendo Deus, hade viver do que é seu. Só tenho este filho; e, gra?as ao Senhor, ainda sinto bra?os para a

istro de Filippe III.-N?o é terra alheia

?o. Tanto eu como elle nascemos na rua de Infesta, em Guimar?es, onde tudo

de riso zombeteiro, e regougou por en

valeu muito sobre o mar, mas que pouco monta em terra firme. Meu honrado homem de Guimar?es, dou-vos de conselho que n?o fa?ais alardo do vosso patriotismo em Madrid, agor

maranense-o meu filho n?o tem crime de i

dio-o sr. desembargador n?o me accusa, para que meu pae me defenda. Iss

osos de profiss?o, el-rei nosso senhor Filippe IV galardoa Domingos Leite Pereira com o habito da ordem de Christo, e admira-se que o duque de Bragan?a t?o indigname

vêa-observou Domingos

rmado. D. Manrique, filho do castelhano conde de Portalegre, n?o se vendeu: atrai?oou o rei que lhe deu a coroa de marquez. Mais infame, por co

cta edade do conselheiro, e desviou a pratica incommoda, ped

sobreveio o d

occorro, falta-me posses para me ostentar, e contentamento para me prezar em mais do que valho. Digne-se v. s.a ponderar a sua magestade a minha situa??o qual ella é. O meu praze

a Cunha; e minha mulher disse logo que a sua filha hade vir para a

sa-disse commovido e grato Domingos Leite, desafogan

impozesse o desterro, como quem diz: ?escolher entre o exterminio e o patibulo!? Bom amigo! ra?a de Bragan?a pura! couce de quart?o gallego em quem o affaga, e orelha cahida ao ver o látego na m?o do potreiro... Conhecemos de ha muito quem s?o os Bragan?as: por uma linha coito damnado, pela outra o lavrador de Veiros que n?o se tosquiou, desde que o bastardo de Pedro I lhe pegou da filha para fabricar em ella uma vergontea ducal. Ora bem... estou cansado de taramelar, meu amigo e sr. Leite. Vou-me com Deus, e cá deixo á aprecia??o do seu espirito intelligente estas phrases que, bem espremidas, h?o de estillar muito succo. Medite-as, e... seja esperto, porque o facto de ser infeliz n?o o for?a a ser inepto. Sem mais. Escuso dizer-lhe que o deixo na

leiro da ordem de Christo olhou para a c

o edificio de 1640 hade vir a terra, derribado pelos mesmos que o levantaram. Ainda assim Deus sabe que eu desejo morrer debaixo das suas ruinas. Prouvera ao ceo que eu n?o estiv

s no castello de Guimar?es. Domingos!-proseguiu o artifice com vehemencia-n?o me ponhas essa venera ao peito; deixa-me primeiro fec

ortuguezes. Se eu campar de patriotismo em Madrid, de certo n?o terei amigo que me avise para fugir d'este reino para outro. Pr

hado em lagrimas-Eu d'aqui vou direito a Li

o; o outro é o alcofa do rei, Antonio Cavide, o secretario de estado, que me odeia, porque eu ousei censurar ao ouvido de quem me denunciou, que um ministro da sua polpa

lho tregeitando um

ue, m

e te fez desgra?ado! A crean?a n?o tem culpa; é verdade;

s m?os e arqueava os dedos, como se e

ada no telim, meias de seda, gib?o de passamanes, cal?as golpeadas, e um trege

estava aqui teu pae. Venha de lá esse abra?o!-proseguiu Roque, est

oque-interveiu Doming

tar os olhos onde se espelhava a desagradavel impress

go como nenhum! Amigo como eu só sei ser,

ezar a antipathia que os gestos e maneiras do homem lhe opp

Leite!-observou Roque, despei

e...-explic

o, d'onde alguns cavalleiros costumam sahir para dar cavallaria aos carrascos. Por que está v. m.ce triste? Diga lá! Cuida que em Hespanha n?o medra a melhor gente de Portugal? Tem medo que o seu filho soffra priva??es em uma na??o, onde é recebido nos bra?

-accrescentou o cuteleiro, ba

reiro que subiu de duque a rei, e desceu de rei a vill?o, desprezando o amor provado dos amigos e galardoando o odio solapado dos inimigos, para firmar sobre consciencias vendidas a seguran?a do throno, de cuja legitimidade e firmeza tanto crê elle como eu. Chegada a occasi?o de provar que estimava Domingos Leite, n?o só pelo que lhe devia, mas tambem pela honra do seu delicto, que fez o seu rei? Ordena-lhe que se desterre voluntariamente, que se despoje do seu officio, que perca a patria e o p?o, sob pena de ser preso, julgado, sentenciado e talvez inforcado, porque as teste

o silencio do velho n?o desapprovava nem assentia; todavia, os modos grutesc

s Cabides se despediu para ir visitar homisiados portuguezes

com este home

provas de amisade tamanhas, que por amor d

u, se, antes de resolveres matar o padre, me contasses a tua

e me aconselh

ira, vá; mas, se nem ella era tua mulher nem elle sabia que tu a pretendias, mal aconselhado andaste; e, se foi este amigo que te aconselhou, máo amigo foi. Dizes tu que n?o puzeste a m?o no padre: que foi Roque da Cunha quem o matou. Peor, peor! Quem mata um hom

Roque da Cunha, e achei-o sempre leal e servi?al até p?r o seu bra?o desinteresseiro em desaggravo da minha honra. N?o foi elle

e-este homem era bem procedido quando

do pai de Miguel de Vasconcellos, a denuncia de Mathias de Albuquerque, os insultos que este general rec

tristemente o velho-Pois, filho, muito te conv

tima honesta entre dous homens pactuados por um feito criminoso. O affecto de Domingos Leite Pereira a Roque da Cunha era t?o simulado ou sobreposse, quanto os remordimentos de um e o despejo do outro se distanceavam entre si. O cora??o-que desbordava de lag

seu pai o deixou, indo a Guimar?es vender o predi

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